A concentração da indústria brasileira cresceu entre 2011 e 2020, diz IBGE. Ao comentar os dados, a pesquisadora do instituto Synthia Silva comentou que o fenômeno pôde ser observado tanto nas indústrias extrativas quanto nas de transformação.
A indústria brasileira aumentou o ritmo de concentração em poucas empresas, entre 2011 e 2020. É o que mostraram os pesquisadores do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE) ao anunciar a Pesquisa Industrial Anual (PIA):
Empresa e Produto (2020). No estudo, os pesquisadores do instituto informaram que, em 2020, as oito maiores empresas industriais foram responsáveis por 24,6% do total do valor de transformação industrial. Isso representa aumento de 0,9 pontos percentuais (p.p.) na comparação com o que era observado em 2011. Ao comentar os dados, a pesquisadora do instituto Synthia Silva comentou que o fenômeno pôde ser observado, em horizonte de longo prazo até 2020, tanto nas indústrias extrativas quanto nas de transformação.
No curto prazo, no entanto, o fenômeno se enfraqueceu. A parcela no total do valor de transformação industrial, das oito maiores empresas industriais, recuou de 24,8% para 24,6% entre 2019 e 2020. No período, a indústria de transformação recuou 2 p.p. no total do valor da indústria. Em contrapartida, houve avanço de 1,5 p.p. na fatia das oito principais companhias de indústrias extrativas entre 2019 e 2020.
Para o IBGE, esse recuo na concentração na passagem de 2019 para 2020 pode ter sido influenciado por mudanças no setor industrial causadas pela pandemia, pelo impacto que a crise causou nas empresas de grande porte da indústria da transformação. Mas os técnicos do instituto consideram isso uma possibilidade que deve ser visualizada em um contexto em que a atividade industrial brasileira mantém perfil heterogêneo e, com isso, com capacidades distintas para contornar crises econômicas.
Outro aspecto investigado pelos pesquisadores do instituto é se a concentração industrial permaneceu inalterada no âmbito regional. Nesse âmbito, os técnicos do IBGE apuraram que houve perda na participação do Sudeste no total do valor de transformação industrial. Embora ainda se mantenha com a maior fatia, a parcela correspondente à essa região diminuiu de 60,9% para 56,3% entre 2011 e 2020.
“São Paulo contribuiu para isso”, completou a pesquisadora. Isso porque, no período, houve perda de participação de São Paulo, de 58,3% no total do valor da transformação industrial em 2011 para 54,1% em 2020. “Sudeste só não caiu mais por causa de [alta em] Minas Gerais”, afirmou ela. A proporção do Estado mineiro, no total do valor da transformação industrial, subiu de 19,6% para 22,2% entre 2011 e 2020 – e impediu queda mais intensa, na parcela da região Sudeste, no total do valor.
Este conteúdo foi adaptado do artigo da Valor PRO.
Fonte: https://valorpro.globo.com/#/